À distância o
Agosto fazia adivinhar e sonhar, que voltaríamos a atravessar o
Marão para lá dos que cá estão.
Nos dias de estio
mais longos, as pedras do casario da aldeia alindavam-se, pressentiam
que nos iriam receber depois de um longo ano da ausência.
E o Verão
acontecia.
A correria logo pela
madrugada junto aos lameiros de um verde estonteante, dos
castanheiros, o cheiro do pão que pairava no ar e nos chamava de
volta a casa, qualquer casa, pois todas as casas eram família.
A aldeia sorria de
tanta felicidade e de casas habitadas com os que regressavam com o
coração a chamar pela terra, os tios, os irmãos, os primos, todos
sentiam esse estranho mas delicioso chamamento da terra, da luz, do
sangue e iam chegando, vindos de longe, de muitos e longínquos
lugares para onde um dia tiveram de partir.
Era Agosto, era
vida, era saudade na primeira pessoa. Todos sentiam mas ninguém
falava, apenas contavam os minutos que estaríamos juntos, para
construir mais memórias.
Era Agosto e a Senhora
do Monte, lá no alto esperando a romaria, como se soubesse que
renovaria a esperança que nos guia para mais um ano caminhando longe
de casa.
Tenho saudades tuas,
Terra Mãe.
HHoje