sábado, 28 de novembro de 2015
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Do medo ou a explicação do vazio
É preciso não achar estranho o que não tem estranheza nenhuma, 
o melhor é a Verdade ! 
Pode ser desta caixa que deixei cair quando fui à pouco ao exterior. 
Devia ter um ar extraviado, mas certo, pois aconteceu-me qualquer coisa,
 já não posso duvidar ou então é o mundo que se inverteu.
 Agora, pergunto a mim própria, porquê? 
Queria ver claramente o que se passa comigo, antes que seja tarde. 
Arrastar-me para onde? 
Para o fundo, em direcção ao Medo!! 
Admiro-me como se pode mentir com a verdade na mão. 
São tudo hipóteses e deixo-me ficar sentada, de braços caídos, 
por vezes esboço algumas palavras, sem coragem bocejo e quando findar a noite sairei deste lugar vazio. 
Mais uns segundos, a voz desliza e desaparece, bastaria tão pouco para fazer parar a música ! 
Dêem-me licença de não partilhar da vossa opinião. 
Existem momentos em que pergunto 
se o Domingo afinal é deles e não meu. 
Três horas. 
Três horas é sempre tarde ou cedo para aquilo que queremos fazer. 
HHoje
terça-feira, 24 de novembro de 2015
O que contém o sono
Às
vezes choras.
Às vezes sais para o terraço ao frio que começa.
Não sabes o que contém o sono daquela que está na cama.
Tu, daquele corpo, querias partir, querias voltar a outros corpos,
Às vezes sais para o terraço ao frio que começa.
Não sabes o que contém o sono daquela que está na cama.
Tu, daquele corpo, querias partir, querias voltar a outros corpos,
ao
teu corpo, voltar a ti mesmo 
e
ao mesmo tempo é por teres de fazer isso que choras.
Marguerite
Duras
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Vade Mecum
De que me serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, 
um amor que pesava mais do que mil malas; 
mostrar a mil homens o teu nome escrito em mil alfabetos 
e uma estampa do teu rosto que eu julgava feliz? 
De que me serviu recusar esses mil homens, 
e os outros mil que fizeram de tudo para parar-me, 
mil vezes me penteando as pregas do vestido cansado de viagens, 
ou dizendo o seu nome tão bonito em mil línguas 
que eu nunca entenderia? 
Porque era apenas atrás de ti que eu corria o mundo, 
era com a tua voz nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, 
o teu nome nos meus lábios de cidade em cidade, 
o teu rosto nos meus olhos durante toda a viagem,
mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.
Maria do Rosário Pedreira
Não mais te devolvo
Vou
buscar-te ao fim da tarde,
porque
a noite só escurece 
contigo ao meu
lado, 
porque a noite aprende por ti
o
caminho aberto das estrelas
Não
mais te devolvo
vou
buscar-te ao fim da tarde,
e
verás como preparei a casa, 
como escolhi
a música, como, enfim, espalhei
os
objectos mais impressionados contigo,
os
que ganharam vida por se interporem
na
espessura estreita que vai do meu
ao
teu coração
e
não mais te devolvo, correndo todos os
riscos
de não amanhecer nunca
numa
loucura propositada por ti
Não
mais te devolvo,
ocuparás
o mundo debaixo e sobre mim,
e
não haverá mais mundo sem que seja assim
valter
hugo mãe
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Semblante coragem
Esperava coragem,
Esperava voragem.
Nem coragem, nem
voragem.
Quanto pesa a
coragem?
A realidade embateu
na expectativa 
e esfumou-se em
palavras !
Da melhor e
assertiva forma foi revelada,
Sem olhares, sem
contacto.
Do tempo perdido
fica o melhor do pior,
do sentir que este
dia nada colheu.
Parti hoje para
nunca te responder.
Apenas ser uma
palavra.
HHoje 2015
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
sábado, 14 de novembro de 2015
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Não cuspas cá para baixo
Do 
"assento etéreo" 
Vais olhar 
(não cuspas cá para baixo, por favor ! ) 
e saber 
que, 
matematicamente, 
ou melhor dizendo, 
poeticamente 
haverão milhares de combinações 
para as palavras, 
para as nossas palavras, 
para cinco palavras apenas ! 
para sete palavras apenas ! 
para um milhão de palavras apenas !
Mas nós sabemos 
que só tu 
consegues 
construir a "coisa lírica", 
o modo de sentir.
Aí, 
vais espalhar a tua arte 
por muitos mundos, pelos mundos 
onde passares.
Por isso, 
não nos preocupamos 
porque o que aí é dito, 
vai ser ouvido por nós, 
assim que aí chegarmos.
Muitos abraços, 
....daqui. 
(não cuspas cá para baixo).
MAN
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Ignorantes pânicos
Alguns ainda se iludem com adocicar o corpo, 
fazem-no em pânico ignorantes do
                 
   fermento que é para a alma,
ficam gordos
 preparados para
serem despojados
  das carnes que
inutilizaram, 
e já os junto à
terra como se evadidos para o pó,
a criarem esperanças parvas nos outros
Valter Hugo Mãe
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Se me legasses as tuas mãos
Poderias mergulhar
como um só bloco no nada para onde vão os mortos: 
consolar-me-ia se me
legasses as tuas mãos. 
Apenas as tuas mãos
subsistiriam, separadas de ti, inexplicáveis como as dos deuses de
mármore que se tornam pó e cal dos seus próprios túmulos. 
Elas sobreviveriam
aos teus actos, aos miseráveis corpos que acariciaram. 
Entre as coisas e
ti, elas já não seriam intermediários: seriam elas próprias, 
transformadas em
coisas. 
Voltando a ser
inocentes, pois tu já lá não estarias para fazer delas tuas
cúmplices, tristes como galgos sem dono, desconcertadas como
arcanjos a quem já nenhum deus dá ordens, as tuas mãos vãs
repousariam sobre os joelhos das trevas. 
As tuas mãos
abertas, incapazes de dar ou de agarrar qualquer alegria, 
ter-me-iam deixado
cair como uma boneca quebrada. 
Beijo ao nível do
pulso essas mãos indiferentes que a tua vontade já não afasta das
minhas; 
acaricio a artéria
azul, a coluna de sangue que outrora, incessante como o jacto de uma
fonte, 
surgia do solo do
teu coração. 
Com pequenos soluços
satisfeitos, encosto a cabeça como uma criança, 
entre as palmas
cheias de estrelas, de cruzes, 
de precipícios
daquilo que foi o meu destino. 
MY
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