Ele não apareceu.
Talvez tenha adoecido ou ficado debaixo de um eléctrico.
Talvez outra pessoa se pusesse na conversa com
ele.
Talvez se tenha esquecido do relógio,
ou o relógio se tenha esquecido de lhe dar o tempo certo.
Talvez o carro não pegasse,
ou tenha ficado avariado a meio do caminho.
Talvez alguém lhe telefonasse quando ia a sair de casa,
dizendo-lhe que tinha de ir a um funeral
ou que a mãe dele tinha morrido.
Talvez tenha encontrado um antigo conhecido.
Talvez tenha tido uma discussão no emprego,
tenha sido despedido e esteja a esconder
a cabeça debaixo de uma almofada.
Talvez a ponte estivesse fechada e
a seguinte também.
Talvez o semáforo permanecesse vermelho.
Talvez o multibanco tenha engolido o cartão
ou a meio do caminho tenha reparado que se esquecera
do porta-moedas.
Talvez tenha perdido os óculos,
não conseguisse deixar de ler,
houvesse um programa que ele queria acabar de ver,
não conseguisse dar a volta à fechadura da porta,
não encontrasse as chaves em sítio nenhum e
o cão dele de repente começasse a vomitar.
Talvez não houvesse um telefone por perto,
não encontrasse o restaurante
ou esteja à espera noutro sítio, por engano.
Talvez – a última possibilidade,
incompreensível e inesperada –
ele tenha deixado de me amar.
Hagar Peeters
Talvez... Palavra mais sem jeito.
ResponderEliminarBeijos, SD (Helena?). :)
Talvez, afinal, ele não passe um cobarde...
ResponderEliminarMagnífica partilha. Por vezes a razão tem razões que a própria razão desconhece.
ResponderEliminarOs imprevistos acontecem...mas o medo esse continua a ser-nos um cão danado.
Beijinho grande e votos de um bom fim-de-semana.
A última possibilidade, Sandra.
ResponderEliminarRaramente é por outro motivo. E é coisa de gajo. Raramente uma mulher procede assim.
O poema é muito bonito, tal como a foto.
Beijo.
Com tantos talvez...
ResponderEliminarCom tantos esquecimentos...
Com tantas distracções...
Dá-se a morte lenta
daquilo que um dia foi a única razão de viver...
Quest...
Talvez...
ResponderEliminar:)