quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Neste chão dito europeu


Neste chão, que muitos nunca pisam, pousam sem repouso os que nunca mais saíram da noite.

Neste chão cruzado por topos de gama, vivem as almas sem tecto nem cama.

Neste chão comprado por indiferentes e amado por diferentes espera-se por horas que nunca chegam e por flores que nunca crescem.

Neste chão esquecido mas não ressequido, caem as lágrimas invisíveis da fome, prepara-se o corpo para o descanso final.

Neste chão de que não se pode fugir, restam os que nunca puderam partir.

Neste chão a pobreza torna-se paisagem e a verdade numa miragem.

José Manuel Rosa

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