quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

19,39 pm, Inverno

No Inverno,
quando mais rareia a esperança.
São certas fixações da consciência,
coisas que andam pela casa à procura de um lugar
e entram clandestinas no poema.
São os envelopes da companhia da água,
a faca suja de manteiga na toalha,
esse trilho que deixamos atrás de nós
e se decifra sem esforço nem proveito.
É a espera e a demora.
São as ruas sossegadas à hora do telejornal
e os talheres da vizinhança a retinir.
É a deriva nocturna da memória:
é o medo de termos perdido sem querer
a nossa vez.

Rui Pires Cabral

9 comentários: