quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Terra Mãe

À distância o Agosto fazia adivinhar e sonhar, que voltaríamos a atravessar o Marão para lá dos que cá estão.
Nos dias de estio mais longos, as pedras do casario da aldeia alindavam-se, pressentiam que nos iriam receber depois de um longo ano da ausência.
E o Verão acontecia.
A correria logo pela madrugada junto aos lameiros de um verde estonteante, dos castanheiros, o cheiro do pão que pairava no ar e nos chamava de volta a casa, qualquer casa, pois todas as casas eram família.
A aldeia sorria de tanta felicidade e de casas habitadas com os que regressavam com o coração a chamar pela terra, os tios, os irmãos, os primos, todos sentiam esse estranho mas delicioso chamamento da terra, da luz, do sangue e iam chegando, vindos de longe, de muitos e longínquos lugares para onde um dia tiveram de partir.
Era Agosto, era vida, era saudade na primeira pessoa. Todos sentiam mas ninguém falava, apenas contavam os minutos que estaríamos juntos, para construir mais memórias.
Era Agosto e a Senhora do Monte, lá no alto esperando a romaria, como se soubesse que renovaria a esperança que nos guia para mais um ano caminhando longe de casa.

Tenho saudades tuas, Terra Mãe.

HHoje

3 comentários:

  1. Pois... parte-se, para mais longe ou mais perto, parte-se, mas vamos tronco, porque as raízes, essas, mantêm-se lá na terra que um dia deixamos por outra, mais longe ou mais perto, mas que não é a nossa terra.

    Beijocas em TU

    ResponderEliminar
  2. Para lá do Marão começa um reino único!

    :)

    ResponderEliminar
  3. Esses regressos que vivem fundo, dentro de nós...

    Beijos, SD :)

    ResponderEliminar