quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Desumanização


Quando empedernir, o coração, esquecido de toda a humidade da vida, ficará entre as loiças, como inútil souvenir ou peça de mesa para uma festa que nunca acontecerá.
Terei sempre pena dele. Estará como um animal antigo que perdeu a qualidade dos novos dias. 

Sem visitas. Será apenas a humilhação entristecedora de todos os afectos.
Poderei, nas arrumações, preparando alguma partida, aligeirando o fardo, deixá-lo no lixo para que a natureza o recicle com a suas ganas aturadas de recomeçar tudo. 

Até lá, a minha coragem assume apenas a evidência de que somos matéria morrendo. 
Começarei morrendo pelo coração.

Valter Hugo Mãe

6 comentários:

  1. é uma morte fodida essa, nem sempre o gajo quer morrer!


    boa noite

    -___-

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  2. Fantástico este texto...

    Um beijo

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  3. Morrendo o coração, nada mais existe.

    Beijos, SD :)

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  4. chá de limão... dizem que faz milagres por esses corações :)
    bom dia fava

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